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Compreender os Conceitos Fundamentais
Primeiro, as tecnologias e paradigmas chave necessários para este projeto devem ser totalmente compreendidos.
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Processos vs. Threads: O projeto especifica o uso de ambos.
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Processos (para Cruzamentos) são programas independentes, cada um com o seu próprio espaço de memória. Em Java, cada cruzamento será provavelmente executado como uma aplicação Java separada (uma instância distinta da JVM).
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Threads (para Semáforos) existem dentro de um processo e partilham memória. Isto é adequado para os semáforos, pois eles precisam de ser coordenados e partilhar dados (como filas de veículos) dentro do mesmo cruzamento.
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Comunicação Entre Processos (IPC - Inter-Process Communication): Como os cruzamentos são processos separados, é necessário um método para que eles comuniquem. Sockets são o método especificado. Quando um veículo sai de um cruzamento (ex:
Cr1) e vai para outro (ex:Cr2), o processoCr1precisa de enviar uma mensagem contendo os dados do veículo para o processoCr2através de uma conexão por socket. -
Simulação de Eventos Discretos (DES - Discrete-Event Simulation): Este é o paradigma de simulação que deve ser utilizado. Em vez de o tempo fluir continuamente, o relógio da simulação salta de um evento para o seguinte.
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Um evento é um objeto que representa algo que acontece num ponto específico no tempo (ex: "Veículo A chega ao Cr2 no tempo 15.7s").
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Uma lista de eventos central, frequentemente uma fila de prioridades, será necessária para armazenar eventos futuros, ordenados pelo seu timestamp. O ciclo principal da simulação retira o próximo evento da lista, processa-o e adiciona quaisquer novos eventos que resultem dele.
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Processo de Poisson: Para o modelo "mais realista" de chegadas de veículos, é especificado um processo de Poisson. A principal conclusão é que o tempo entre chegadas consecutivas de veículos segue uma distribuição exponencial. Em Java, este intervalo pode ser gerado usando
Math.log(1 - Math.random()) / -lambda, ondelambda(λi) é a taxa de chegada especificada.
Uma Sugestão de Arquitetura de Alto Nível
Abaixo, é apresentada uma possível estrutura para a aplicação distribuída. Pode ser vista como um conjunto de programas independentes que comunicam através de uma rede.
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Processo Coordenador/Gerador (1 Processo):
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Propósito: Iniciar a simulação, gerar veículos e gerir o relógio global da simulação ou os critérios de paragem.
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Responsabilidades:
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Lê a configuração da simulação (ex: carga de tráfego λi, tempos dos semáforos).
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Gera veículos de acordo com o modelo selecionado (intervalo fixo ou processo de Poisson).
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Atribui a cada novo veículo um percurso com base na distribuição uniforme especificada.
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Injeta o veículo no sistema enviando uma mensagem para o primeiro processo de cruzamento no seu percurso (ex: de um ponto de entrada E1 para Cr1).
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Processos de Cruzamento (5 Processos):
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Propósito: Simular cada cruzamento (
Cr1aCr5) como um processo distinto. -
Responsabilidades:
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Escuta por veículos a chegar de outros processos.
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Gere as filas de veículos para os seus semáforos.
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Executa múltiplas threads de Semáforo internamente.
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Coordena estas threads para garantir que apenas uma direção de tráfego está aberta a cada momento.
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Quando um veículo atravessa, é encaminhado para o processo seguinte no seu percurso.
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Envia periodicamente as suas estatísticas (ex: comprimentos atuais das filas) para o Servidor do Dashboard.
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Processo de Nó de Saída (1 Processo):
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Propósito: Representar o ponto de saída
Se atuar como um coletor de dados para estatísticas globais. -
Responsabilidades:
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Recebe veículos que completaram o seu percurso.
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Calcula métricas globais como o tempo total de viagem (tempo de permanência) para cada veículo.
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Agrega e calcula as estatísticas finais (ex: tempo de viagem mínimo, máximo e médio por tipo de veículo).
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Envia estas estatísticas globais para o Servidor do Dashboard.
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Processo do Servidor do Dashboard (1 Processo):
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Propósito: Agregar e exibir todos os dados da simulação em tempo real.
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Responsabilidades:
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Abre um socket de servidor e escuta por dados a chegar de todos os processos de Cruzamento e de Saída.
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Armazena e atualiza as estatísticas à medida que chegam.
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Apresenta os dados numa interface de utilizador, que deve exibir métricas e ser atualizada durante a simulação.
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Plano
Nem tudo deve ser construído de uma só vez. Os seguintes passos incrementais são recomendados.
Passo 1: Modelação e Classes Principais (Não-distribuído)
Antes de escrever qualquer lógica complexa, as estruturas de dados devem ser definidas. Devem ser criados Plain Old Java Objects (POJOs) para:
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Veiculo: Com atributos como um identificador único, tipo, tempo de entrada e o percurso realizado. Deve ser tornadoSerializablepara que possa ser enviado através de sockets. -
Evento: Com atributos como um timestamp e o tipo de evento (ex:VEHICLE_ARRIVAL), bem como dados associados. -
Semaforo: Para conter o seu estado (VERDE/VERMELHO) e a fila de veículos. -
Cruzamento: Para conter os seus semáforos e a lógica operacional.
Passo 2: Construir um Protótipo de Processo Único
Este é um passo crucial. Sockets e processos devem ser deixados de lado por agora para construir toda a simulação numa única aplicação Java.
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Deve ser criado um ciclo de simulação central baseado numa fila de prioridades para objetos
Evento. -
Todos os objetos
CruzamentoeSemaforodevem ser instanciados. -
A lógica principal deve ser tornada funcional: veículos a moverem-se entre filas, semáforos a mudar de estado e estatísticas básicas a serem recolhidas.
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Objetivo: Uma simulação totalmente funcional e não-distribuída. Isto torna a depuração significativamente mais fácil.
Passo 3: Distribuir os Cruzamentos
O protótipo pode agora ser convertido num sistema distribuído.
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A classe
Cruzamentodeve ser tornada executável como uma aplicação Java autónoma (com um métodomain). Serão lançadas cinco instâncias, uma para cada cruzamento. -
Devem ser configurados sockets TCP para comunicação. Cada processo de cruzamento precisa de saber o endereço/porta dos vizinhos para os quais pode enviar veículos.
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Um protocolo de comunicação claro deve ser definido. Por exemplo, quando
Cr1envia um veículo paraCr2, o objetoVeiculoé serializado e escrito no socket conectado aCr2. O processoCr2terá uma thread dedicada para escutar estas conexões de entrada.
Passo 4: Implementar as Threads dos Semáforos
Dentro de cada processo Cruzamento, os semáforos devem ser implementados como threads.
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O principal desafio aqui é a sincronização. As threads dos semáforos num único cruzamento partilham as filas de veículos.
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As ferramentas de concorrência do Java (como
synchronized,ReentrantLock,Semaphore) devem ser usadas para garantir que apenas um semáforo pode estar verde para um percurso conflituante e que o acesso às filas partilhadas é seguro (thread-safe).
Passo 5: Implementar o Dashboard
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O processo
DashboardServerdeve ser criado. Ele irá escutar numa porta específica por estatísticas a chegar. -
Nos processos
CruzamentoeSaida, deve ser adicionado um mecanismo para enviar periodicamente um resumo das suas estatísticas atuais para o Servidor do Dashboard. -
A UI deve ser construída para exibir estes dados em tempo real.
Passo 6: Testes e Análise
Assim que o sistema completo estiver a funcionar, as experiências exigidas pela descrição do projeto podem ser realizadas.
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A simulação deve ser executada com diferentes taxas de chegada de veículos para simular cargas baixas, médias e altas.
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Diferentes políticas de temporização dos semáforos devem ser testadas para medir o seu impacto no congestionamento.
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Diferentes algoritmos de seleção de percurso e o seu impacto no desempenho do sistema devem ser avaliados.
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Para cada cenário, a simulação deve ser executada várias vezes para recolher estatísticas fiáveis (médias, desvios padrão, intervalos de confiança), conforme solicitado.
Passo 7: Escrever o Relatório
À medida que cada passo é concluído, deve ser documentado. Isto tornará a escrita do relatório final muito mais fácil. Todos os pontos mencionados nas secções "Entrega" e "Critérios de Avaliação" devem ser abordados.
OBS:
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Começar de Forma Simples: O protótipo de processo único (Passo 2) evitará grandes dificuldades mais tarde.
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Protocolo de Comunicação: O protocolo de mensagens deve ser definido o mais cedo possível. A informação exata que um processo envia para outro deve ser clara//simples//consistente.
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Debugging: Debugging de sistemas distribuídos podem ser difíceis. Uma framework de logging (como Log4j 2 ou SLF4J) pode ser usada para registar eventos//alterações de estado nos diferentes processos.
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Configuração: Valores como endereços IP, números de porta ou parâmetros da simulação não devem ser "hardcoded". Um ficheiro de configuração (ex: um ficheiro
.propertiesou.json) torna a aplicação mais fácil de executar e testar.